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Especialistas respondem a dúvidas sobre câncer

Médicos oncologistas do hospital A. C. Camargo esclarecem questões dos leitores de ÉPOCA sobre a doença
REDAÇÃO ÉPOCA

Os oncologistas Gustavo Ribeiro Neves e José Augusto Rink Júnior, do hospital A. C. Camargo, de São Paulo, respondem às dúvidas dos leitores sobre o câncer. Se você tiver alguma pergunta, clique aqui para enviá-la.

Tenho um filho de 3 anos, que tem, em sua mão esquerda, um hemangioma cavernoso. O hemangioma é um tipo de câncer?
Marleide Muller, Paraná

O hemangioma é um tumor vascular benigno. Dependendo do tipo, pode haver regressão ou não, de acordo com a idade. O tratamento também pode variar conforme o caso, o tamanho e a localização, e pode ser cirurgia, medicamento ou até nada, se não oferecer nenhum risco para o paciente. A médica Heloísa Galvão, do setor de cirurgia reparadora do Hospital A. C. Camargo, é uma das maiores autoridades no assunto. Na dúvida, vale entrar em contato com ela pelo telefone do hospital ((11) 2189-5000).

Gostaria de saber o que é fundamental na alimentação das crianças com câncer, seja para as que estão em tratamento, as já internadas e até as curadas.
Leiza Pereira, Mato Grosso

As crianças com câncer em tratamento necessitam de dietas com altas quantidades de proteínas e calorias (carboidratos, gorduras), visto que o gasto energético é enorme nesta fase. Mesmo assim, a dieta de uma criança normal, com carne cozida ou assada, legumes e cereais, pães e frutas descascadas é suficiente. O problema são as limitações dessas crianças devido a mucosites, náuseas e vômitos, que contribuem para a dificuldade de nutrição. Neste caso o tratamento das intercorrências é fundamental para a criança receber uma nutrição correta. De preferência, é interessante que as crianças recebam alimentos vindos de fontes seguras, para evitar a contaminação bacteriana. Durante fases de neutropenia (sangue baixo) recomendamos a ingestão de alimentos cozidos.

Tenho uma filha de 3 anos e já estive com ela no hospital de câncer aqui de Barretos. Ela tem alguns nódulos no pescoço e a pediatra oncologista me disse que são linfonodos habituais. O que são os linfonodos habitais?
Márcia Regina da Silva Balieiro, São Paulo

Linfonodos habituais são aqueles que estão em locais esperados, têm consistência normal e menos de 3 centímetros de diâmetro. Em geral, os oncologistas têm uma experiência muito grande para discenir entre habituais e suspeitos. Até os 7 anos de idade, as crianças têm linfonodos mais aumentados do que os adultos, especialmente em regiões de pescoço. Por isso, é freqüente a preocupação dos pais. Uma dica para se acalmar é verificar se eles não estão crescendo (estão estacionados) ou diminuindo – nesses casos, provavelmente não se trata de suspeita de câncer.

Pelo hemograma, é possível saber se a pessoa tem algum tipo de câncer? Quanto tempo uma pessoa sobrevive com câncer sem o tratamento?
Carlos Roberto, Espírito Santo

Sim, apenas as leucemias podem ter o seu diagnóstico ou suspeita pelo resultado do hemograma. Os demais tumores podem dar algumas alterações, mas não são específicas, podendo ser desde doenças benignas até câncer. A sobrevida do paciente com câncer depende de uma série de fatores que vão desde o tipo do câncer, o estágio em que ele foi descoberto, as condições clínicas do paciente, a presença ou não de outras doenças que não o câncer e, principalmente, a resposta do câncer ao tratamento empregado.

Tenho 23 anos e dois anos e meio atrás foi diagnosticado que tenho leucemia linfóide aguda. O médico me disse que ela é comum em crianças. Por que eu tive esse tipo de leucemia aos 21 anos? Como é possível? Fiz quimio por dois anos e, há quatro meses, a doença voltou. Minha irmã é compatível e será minha doadora.
Douglas, Espírito Santo

O fato de alguns tipos de tumores serem mais freqüentes na infância não quer dizer que eles não possam ocorrer na idade adulta. A leucemia linfocítica aguda (lla) tem dois picos de maior incidência: antes dos 10 anos e após os 65 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. A causa exata da leucemia ainda não é completamente conhecida, mas fatores que podem estar relacionados com o seu surgimento são: predisposição genética ou imunológica, exposição a irradiação, uso prévio de tratamentos como radioterapia e quimioterapia, infecções virais como HIV e outros ainda desconhecidos. O tratatamento da leucemia envolve primariamente quimioterapia e, em alguns casos, como os de recidiva, podem ter no transplante uma terapia de resgate com excelentes resultados. Achar um doador na família já é um fato a ser comemorado. Coragem e boa sorte no transplante.

Sou mãe de dois lindos meninos, um com 11 e outro com 2 anos. Meu pai morreu de câncer aos 63 anos e minha mãe está fazendo tratamento para um câncer que voltou a aparecer depois de 7 anos. O que devo fazer para prevenir e obter informações sobre a manifestação da doença?
Roseli Albuquerque, São Paulo

Existem tumores ou grupos de tumores que têm como causa uma predisposição genética, o que acaba aumentando as chances de ocorrência nos familiares. Para uma melhor investigação, há necessidade de saber desde qual tipo de tumores uma determinada família tem apresentado, em que idades apareceram, em quantas gerações e outras informações que são habitualmente investigadas por um profissional da área de oncologia chamado oncogeneticista. Caso se suspeite de uma origem genética dos tumores, certos exames géneticos que podem dizer qual a chance de um membro da família vir a ter um câncer. Mas, independentemente do exame, o oncogeneticista pode orientar a família sobre os riscos ou não de o câncer ser hereditário, e quais exames de prevenção podem ser feitos. Esse tipo de profissional ainda é raro no nosso país, cabendo ao oncologista esse tipo de orientação. Alguns centros, como o hospital A. C. Camargo, em São Paulo, já dispõem desse tipo de ajuda.

Fonte :revistaepoca.globo.com

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