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Perguntas e respostas sobre câncer e fertilidade

A preocupação imediata de mais de 80% dos pacientes que conseguem atingir a cura da neoplasia envolve aspectos sexuais e reprodutivos. O relacionamento sexual e a capacidade de gerar seus próprios filhos, seja por métodos naturais ou por reprodução assistida, estimula a valorização do próprio paciente, propicia a comunicação e a interação familiar, ajudando-o a reintegrar-se à sociedade. Dessa forma, torna-se imperativo que o médico, ao estabelecer o diagnóstico ou durante o tratamento desses pacientes com câncer, leve em consideração esses aspectos e indique criopreservação de espermatozóides antes da quimioterapia, radioterapia ou cirurgia.

Perguntas e respostas sobre câncer e fertilidade com Dr. Jorge Hallak, urologista
O urologista Jorge Hallak, autor de trabalhos científicos sobre fertilidade humana, particularmente na área de pacientes com câncer visando a criopreservação de sêmen, gametas e tecidos reprodutivos, destaca a importância do tema. “Alertar para a prevenção e detecção precoce do câncer é fundamental”, afirma Hallak. “E, se ele já estiver presente, manter o paciente informado sobre todas as possibilidades, inclusive em relação à preservação de sua fertilidade”, conclui.

1. Um paciente com câncer necessariamente ficará infértil?

Dr. Jorge Hallak: Não. Vários estudos demonstram que a simples presença de um tumor maligno no organismo, principalmente no sexo masculino, já possibilita uma diminuição na qualidade dos espermatozóides e da concentração espermática. Qualquer tipo de câncer pode liberar substâncias que circulam no organismo, que podem ser prejudiciais à função espermática. Realizamos vários estudos com mais de 400 pacientes com tumores diferentes e concluímos que qualquer tipo de câncer pode afetar a qualidade seminal. Vários outros estudos realizados demonstram que a taxa de manutenção da capacidade reprodutiva em indivíduos com câncer submetidos a técnicas de reprodução assistida, como a criopreservação de espermatozóides e desenvolvimento embrionário, é a mesma que em indivíduos inférteis submetidos à diferentes técnicas de reprodução assistida.

O desafio atual é para adolescentes do sexo masculino que vão ser submetidos à quimioterapia. Avanços significativos vêm ocorrendo, principalmente na criopreservação de parênquima testicular. A próxima etapa será a criopreservação de material testicular em indivíduos pré-púberes e mesmo crianças pós-quimioterapia, mas devemos salientar que ainda são técnicas que serão submetidas a protocolos e estão em fase experimental.

2. E no caso das mulheres?

Dr. Jorge Hallak:A preservação da fertilidade na mulher é bem mais complexa. O ideal para mulheres que vão se submeter à quimioterapia ou radioterapia e têm parceiros fixos é a criopreservação de embrião, se houver tempo hábil pré-tratamento. Para aquelas que não tem relacionamento estável ou onde não há tempo para indução de ovulação (que pode levar de 18 a 25 dias), pode-se pensar em criopreservação de óvulos ou de parênquima ovariano.

3. Os tratamentos, como a quimioterapia, podem afetar a fertilidade masculina?
Dr. Jorge Hallak:As quimioterapias mais agressivas podem causar infertilidade em 30% a 95% dos casos. Muitos pacientes recuperam a função reprodutiva parcialmente; voltam a produzir espermatozóides ou a ovular, mas não o suficiente ou com qualidade para engravidar. A quimioterapia pode ter causado danos progressivos à função espermática ou oocitária. O problema é que não se sabe qual o paciente que será mais afetado.

4. Qual o momento ideal para os médicos abordarem esse assunto e oferecerem as possibilidades ao paciente?

Dr. Jorge Hallak:No momento do diagnóstico. Apesar da alta expectativa, da preocupação e choque com o diagnóstico do câncer e tratamento, é o momento de “ouro” para que essas tecnologias sejam abordadas. O desejo de constituir família e reproduzir deve ser respeitado; se o paciente será submetido à quimioterapia, deve ser orientado quanto à preservação de sêmen ou, se for mulher, à conservação de embriões, óvulos e tecido ovariano, respeitando-se o acima exposto.

O ideal é que o paciente do sexo masculino faça de três a seis coletas de sêmen para um mínimo de frascos preservados suficientes para que possa ter filhos no futuro. A conta é muito simples, cada paciente tem uma qualidade espermática diferente, com taxas diferentes de criosobrevivência. Se houver mais possibilidades, com várias coletas, fica mais fácil o indivíduo alcançar bons resultados. É um procedimento artesanal. Cada paciente deve ter criopreservado o número de 9-12 frascos, em tambor de nitrogênio líquido, pois as chances de engravidar com material criopreservado descongelado por reprodução assistida aumentam. Um frasco apenas é insuficiente, como é feito em muitos casos, em muitos centros. No final, o paciente sente-se frustrado, pois não foi colhido material suficiente.

É importante lembrar que o paciente que congelou sêmen para o futuro vai poder ter filhos, mas somente com reprodução assistida. Nos casos das mulheres, a tecnologias são emergentes, com poucos resultados. O número de óvulos é menos de uma dezena, diferente do sexo masculino, em que há milhares de espermatozóides. Parte-se de milhares e milhões de espermatozóides no homem e dezenas em mulheres. Daí a dificuldade de se criopreservar óvulos.

O programa no Androscience

O Androscience – Centro de Referência em Infertilidade Masculina e Centro de Referência em Criopreservação de Sêmen e Tecido Reprodutivo oferece o programa de Banco Terapêutico de Sêmen. Está pronto para receber pacientes e amostras todos os dias do ano (desde que previamente comunicados).

A equipe de profissionais é especialmente treinada nas técnicas mais modernas e eficazes de congelamento, armazenamento e recuperação de amostras do ejaculado e do parênquima testicular. Além disso, trabalham sob a direção de um especialista em criopreservação de sêmen, com uma das maiores experiências e talvez o maior número de trabalhos publicados nesta área no mundo.

fonte:oncoguia

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